Wikileaks lança site de interação direta com internautas e faz parceria com blogs brasileiros
10/02/2011ARede - Pelo que entendi, a Wikileaks Roundtable é apenas uma "janela" do Wikileaks para debater com a blogosfera -- explorando canais como o Twitter (com as hashtags #wldiscuss e #wlquest) para a web falar com o Wikileaks. Por que isso é importante?
Daniela Silva - Não acho que é pouca coisa uma organização que alcançou a relevância política e midiática do Wikileaks, altamente baseada na integração com as mídias tradicionais, de repente decidir seguir o caminho de uma comunicação mais direta com as pessoas. É uma grande virada, e uma virada que aponta pra um jeito mais interessante de comunicar, articular e engajar.
Eu não conseguia ver muita novidade no caso do Wikileaks em relação ao que acontece normalmente na mídia: vazamentos de informação vindos de fontes quentes do governo. Não via novidade nenhuma no Wikileaks propriamente, a não ser na reação que veio da outra ponta – o bloqueio das empresas financeiras e dos provedores –, da articulação de guerrilha dos hackers para defender a causa, e principalmente do fato de que, hoje, qualquer um pode ser o Wikileaks.
Com o Roundtable, o Wikileaks mostra que é mais uma organização da rede do que da grande mídia. A reação de proteção da web agora faz ainda mais sentido. Assim como faz sentido que a gente use não apenas esse espaço, mas essa abertura pro debate, pra usarmos o Wikileaks e a sua relevância política no ativismo pela internet livre e neutra.
ARede - O que signifca o fato de a Esfera colaborar com o Wikileaks, além da questão de "desmidiatizar" o site?
Daniela Silva - É sensacional que esse projeto tenha chegado até nós. Porque nós não somos desenvolvedores de tecnologia simplesmente. Somos ativistas pela transparência e pela abertura, e acho que essa ação permite que a gente mostre como é possível usar as ferramentas da web – já que o site foi construído usando o conhecimento livre, compartilhado por inúmeros hackers, disponível hoje na rede – para defender as causas que consideramos importantes.
No passado, nós criticamos o Wikileaks por ter uma prática muito mediada de comunicação. Sempre questionamos se é efetivo confiar que grandes veículos de comunicação se coloquem como validadores do que é ou não é importante em documentos públicos – achamos inclusive que há casos em que a inteligência das redes pode fazer melhor, sendo necessário e talvez mais estratégico incentivar e abrir caminhos pra que isso aconteça. Este é o principal mote da Esfera hoje – atuar politicamente junto com a sociedade, ressignificando informações de governo pra assim ressignificar a política.
Essa parceria que começou agora ainda pode render novas ideias e novos projetos, e eu espero que tanto a Esfera quanto todos os cidadãos em rede, com essa nova porta que foi aberta, tenham agora mais espaço pra interagir com o Wikileaks pra levá-lo nessa direção, do empoderamento das pessoas.
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